Não sei bem o qual o motivo pelo qual escrevo.
Sei que escrevo quando estou emotiva, quando tudo o que faço é à base do que sinto, dos meus sentimentos. Quando nada mais transpareço a não ser a voz do meu coração, da minha alma, do meu espírit

o.
Sei que escrevo melhor quando me escorrem lágrimas pelo rosto do que quando irradio um sorriso porque um sorriso é muito mais claro que uma lágrima. Cada gota de água salgada que derramo é subjectiva, tem várias origens, vários sentidos, vários significados.
Sei que a música que ouço de momento me ajuda a libertar as emoções através dos dedos e talvez até o consiga fazer no piano. Tal como "ele" o faz para "ela".
Sei que quando escrevo, não é para me sentir melhor, mas sim para mais tarde recordar. Para recordar o quão humana eu sou e o quão humana eu desejaria ser.
Sei que tenho o coração apertado. Encurralado por outros. E não aguento com tanta pressão porque afinal, sou tão dura como a grafite.
Sei que choro com razão porque não vejo qualquer tipo de conforto ou sorriso para mim. Vejo sim, sombras de nada. Apenas sombras.
Sei que é momentâneo e sei que acabará por desaparecer mas, neste momento é infinito. E nunca anseei tanto pelo amanhecer, pela luz do sol a tocar-me nas maçãs da minha face e aquecer-mas de modo a acordar-me de um mundo imaginativo. Acordar e viver o "amanhã", desejando que este seja melhor...
Sei que desejaria viver numa história ficcional. Naquelas em que apesar de não sermos personagens, envolvemo-nos de tal forma que sentimos o que as personagens sentem, como que por magia. Sentir na realidade a intensidade das suas vivências. O choro delas, os risos delas, os suspiros delas, os risos delas... Sentir o que elas sentem e não o que sinto. Ser de uma vez por todas, a princesa de uma história com um "final" feliz. Puder dizer "And so the lion fell in love with the lamb". Ser aquela que sofre e é feliz ao mesmo tempo, e não sofrer somente, como tenho sofrido.
Sei que neste momento me expus ao máximo mas foi a única forma que consegui deitar para fora tudo o que se agarrava e me queimava por dentro. Que me angustiava e torturava. Talvez da maneira mais subjectiva possível, mas livrei-me do sofrimento de abafamento.
Sei que tudo isto passou de um sentimento passageiro e que voltará em breve. Mas ao menos já do que se trata toda esta melancolia. Tudo se resume a um coração ignorado, fraco e abandonado.