27.7.09

Um anjo impossível

Suspiro...
Olho para tudo à minha volta e verifico o quanto estou só.
Torno a olhar, e a olhar, e a olhar...
Mas nada. Não há uma única alma que me faça estremecer como tu fazes.
Páro de olhar e apesar dos meus olhos estarem com pálpebras curvadas, nada vejo em concreto.
Vejo imagens ofuscadas e distantes, pouco nítidas e nada concretas.
Vejo o teu sorriso radiante e sincero. É algo tão belo e tão delicado, que me magoa o olhar. Doi-me ter de olhar para ti e saber que não passará de uma miragem. Doi pensar que nunca vou puder tocar-te e sentir a tua pele de anjo ou ser olhada pelos teus belos olhos cor de mar. Ouvir a tua voz ao meu ouvido como uma suave canção de embalar tocada pelas mais suaves mãos de pianista. Afagar-me no teu abraço, sentir um escudo em torno do meu corpo e pertencer ao teu mundo.
As lágrimas rápidas e inevitáveis caem-me do queixo sobre o peito vazio. Sinto a frieza com que pingam e a sua densidade salgada.
Isto acontece sempre que anseio muito algo. Não irei à luta pois não existe força que suporte mais uma facada, mais um tiro, mais um furo no lado esquerdo. E tenho medo, muito medo, de perder as tais visões, tão belas, num só segundo. Tenho medo de permanecer ainda mais oca e ainda mais escura. Medo de perder, tudo o que tenho de ti.
Acordo todos os dias a pensar se alguma vez, irás reparar no quanto sou capaz de amar. De te amar. Mas é impossível. Isso nunca irá acontecer.

And still, Jacob was his normal sunny-self.

26.7.09

Rumos e instantes

Sempre ouvi dizer que a vida é feita de momentos. De facto, e teoricamente, o é. Mas não é só de momentos. É também feita de instantes e são estes que decidem o rumo das nossas acções e convicções. São pequenos, e por vezes insignificantes, instantes que tornam tudo preto o que era branco e vice-versa. Fazem-nos ir a sítios onde racionalmente nunca iríamos, mas de acordo com o instinto, vamos. É nos instantes que olhamos para as pessoas que nunca olhámos verdadeiramente, e que vemos algo belo ou o contrário, algo que não imaginávamos existir nessa pessoa. Dizemos coisas num instante que durante uma hora nunca diríamos, coisas que saem do coração e não da cabeça, como um suspiro de palavras e letras soltas. É em instantes que esboçamos um sorriso rasgante no rosto como derramamos uma lágrima solitária e angustiada.
Para mim, os instantes são importantes e foi num desses que me apercebi de tudo, e vi tudo como deveria ser. O bem e o mal da situação, na qual estava presa. Finalmente abri os olhos ao mundo e nesse instante, o vento soprou os sentimentos malignos de dentro de mim e de repente senti-me leve, como já não me sentia há uma eternidade. Vi tudo tão brilhante e sorridente que até me incomodava visto que ofuscava os meus tão cerrados e cegos olhos. Foi como "um cego a ver pela primeira vez o Sol". Via um Sol na minha vida e isso sabia-me bem, fazia-me bem. Um Sol composto por vários seres e corpos, tão suaves e belos, que achava estranho serem assim para mim. Sentia o meu corpo acalorado e feliz. O teu Sol sofreu um eclipse e se continuasse a viver debaixo da sua, já vaga, luz, iria ver tudo preto e voltar a ficar cega, portanto desabitei os sitios e caminhos por onde "iluminavas". Agora, vivo intensamente essa luz tão radiante e bonita que paira sobre mim. É ela que me faz acordar de manhã, sorrir e sobreviver o resto do dia. Sem ela, eu já não existo.





Num instante, a vida pode mudar o rumo já definido e coube-me a mim seguir uma nova estrada. Tem imensas curvas e obstáculos mas é bem mais claro que o antigo. Obrigada por todos os momentos que me fizeste feliz, nunca esquecerei o quanto fui capaz de te amar e o quanto sofri por ti. Nunca pensei sentir isto mas senti, e foi contigo. Agora tudo acabou e espero seguir um rumo diferente. É esta a vida que escolho e ainda me dói (muito) dizer-te isto, mas sem ti sou mais aberta e risonha. Espero que vás tomar o caminho certo para a tua vida se tornar mais feliz porque eu já escolhi o meu.

Dedicado ao Sérgio.

19.7.09

Restart

Quando acordei, pensei que o dia ia ser normal mas havia algo de diferente. Era O dia 22 e ele nada me tinha dito. Começou aí tudo o que temia. Tudo o que sempre tentei ignorar e não pensar porque afinal, "só acontece aos outros". E em vez de passar com a dança do vento, manteve-se cada vez mais fundo porque não havia vento e o ar cada vez mais se foi comprimindo, impedindo-me de pensar, olhar e respirar. Durante algum tempo sentia dificuldade em concentrar-me nas acções sensoriais. Lembrar-me que devia respirar, andar, ver e viver. Do nada, enfraqueceste-me (outra vez) com simples palavras. Hipnotizaste-me e manipulaste-me. Fizeste-me sofrer com meros conjuntos de letras mudas. Sem qualquer contacto, fizeste-me acreditar que minha vida ia correr debaixo de uma lua nova. Porém, nunca mais iria ouvir a tua voz ou ver os teus olhos. Fizeste-me acreditar que tudo o que construímos iria desparecer porque te ias embora deste mundo e fizeste-me por de joelhos a implorar, no sentido lírico. Vozes exteriores tentavam puxar-me para a realidade mas tu mantinhas-me num mundo a parte onde o sofrimento e a angustia reinavam e manuseavam-me. Mantiveste-me lá a todo o tempo pois nunca consegui decifrar o que estava bem ou mal. Estava cega, surda, muda, apática perante outros, menos para ti. Para ti, faria qualquer coisa para não partires. Fui desgastando-me aos poucos, até restar um pó. Um dia, esse pó condensou-se e permitiu que voltasse ao real. E percebi, com imensa angustia e dor, o que estava bem ou mal; e o mal eras tu. Portanto chega, já chega. Terminou.

Carreguei no restart. Vou começar o jogo de novo.

18.7.09

Saudade

Saudade
É o acordar triste
E o adormecer solitário...
É uma vida só, cinzenta e subtil.
É um véu que cobre quaisquer sentimentos.
É pensar em algo que não existe
Ter memórias, momentos gravados
Cravados, escritos no coração
Que nunca irão sarar
Nem desaparecer por si..

Saudade
É olhar para tudo e em tudo ver
Uma gargalhada
Um sorriso
Uma lágrima
Um beijo
Um "amo-te" só teu.
É ver-te e não te poder tocar.
É querer-te e não poder te amar.
É sonhar em te ter,
Ficar sozinha,
E assim viver.