"they were all yellow"

Curse me inside, for every word that cause you to cry

Por algum motivo, hoje sonhei contigo e não devia.
Já devias estar bem longe da minha mente.
Mas não sonhei por ter saudades ou por ainda sentir algo. Tu apareceste como representação do meu medo.
Estava na Serra do Pilar sozinha a olhar para o rio e recordei-me do quão mágico aquele sítio era para nós. A Serra estava deserta, não havia ninguém à minha volta. De repente senti algo agarrar o meu ombro e sobressaltei. Virei-me de costas e vi-te a olhar para mim. Estavas com aquela expressão fria da qual eu sempre tive medo.
"Porque estás aqui?" ainda ofegante do susto que me tinhas pregado.
"Tu sabes porquê."
"Não, não sei. Vai-te embora. Não és tu que devias aparecer nos meus sonhos. Sai, vai-te embora por favor. Já chega o que fizeste antes. Vai-te embora!" e empurrei-te, enervada e com a garganta em nó.
Agarraste-me os pulsos e eu não aguentei. Desatei a chorar e tu abraçaste-me. Por algum motivo senti-me aconchegada. O teu abraço. Lembrei-me das vezes em que o meu mundo estava a cair e quando tu me abraçavas, tudo ficava bem. Fiquei ali, nos teus braços, a chorar sem parar.
"Ni, não tem mal sentires saudades. É normal."
"Mas não devia. Tenho quem me faça feliz." e afastei os teus braços...
"Ni, eu sei que tens e fico tão feliz por teres encontrado esse alguém. Sabes porque vim aqui não sabes?" não conseguia acreditar nas tuas palavras, mas os teus olhos pareciam-me sinceros.
"Não... Eu até estava à espera de outra pessoa. Mas sabes, este sítio era o "nosso" sítio, acho que é normal que tenhas aparecido tu."
"Ni, eu apareci porque senti que estavas com medo."
"Medo? Eu não tenho medo de nada" mentia.
Virei costas como uma criança e fitei o céu. Estava limpo e não havia uma ponta de vento. Fiquei assim por uns momentos e pensei no que temia.
O que tu me tinhas dito uma vez. Era disso que eu temia. Nunca mais vais encontrar alguém que te ame mais do que eu te amo a ti. Ainda me lembro da tua expressão quando me disseste isto. Estavas tão vulnerável. Nunca te tinha visto assim. Tu, que nunca choravas e eras à prova de bala. Ainda me dói lembrar o momento em que te fiz chorar.
Ni, posso-te abraçar?
Claro que podes. E deste-me um abraço tão forte e profundo que trouxe água aos meus olhos. Larguei-te porque não te queria fazer sofrer mais. Vim-me embora e deixei-te ali. E a partir desse dia, nunca mais te vi.
"Já percebi porque vieste. E não acho justo da tua parte. Sempre disseste que o mais importante para ti era ver-me sorrir de felicidade, mesmo que essa felicidade não fosse ao teu lado. Agora que finalmente sinto que sou capaz de ser feliz, tu assombras-me. Não estás a zelar pela minha felicidade. Vai-te embora por favor, vai!"
"Minha Ni."
"Não sou tua, não voltes a dizer isso!"
"Tu sabes que vais ser sempre minha."
"Não vou nada. Pára de dizer isso. Pára com isso tudo, pára!"
E acordei a suar. Há já muito tempo que não tinha pesadelos. O pior é eu recordar-te como sendo um pesadelo. Apesar de tudo o que passámos e de como ficámos, serás sempre especial.

"Our love is like a river. Breaks throught everything that gets in the way." Well, it used to be this way. Not anymore.