Baltasar não tem espelhos, a não ser estes nossos olhos que o estão vendo a descer o caminho lamacento para a vila, e eles são que lhe dizem, Tens a barba cheia de brancas, Baltasar, tens a testa carregada de rugas, Baltasar, tens encorreado o pescoço (...), mas isto é certamente defeito dos olhos que usamos, porque aí vem justamente uma mulher, e onde nós víamos um homem velho, vê ela um homem novo, o soldado a quem perguntou um dia, Que nome é o seu, ou nem sequer a esse vê, apenas a este homem que desce, sujo, canoso e maneta, Sete-Sóis de alcunha, se a merece tanta canseira, mas é um constante sol para esta mulher, não por sempre brilhar, mas por existir tanto, escondido de nuvens, tapado de eclipses, mas vivo, Santo Deus, e abre-lhe os braços, quem, abre-os ele a ela, abre-os ela a ele, ambos, são o escândalo da vila de Mafra, agarrarem-se assim um ao outro na praça pública, e com idade de sobra, talvez porque nunca tiveram filhos, talvez porque se vejam mais novos do que são, pobres cegos, ou porventura serão estes os únicos seres humanos que como são se vêem, é esse o modo mais difícil de verem, agora que estão juntos até os nossos olhos foram capazes de perceber que se tornaram belos.
Continuas a pairar e a irradiar por entre as nuvens e a chuva. Continuas a viver em mim. Continuas a ser o meu Sol.
3 comentários:
oh, que fofo +.+
Sabes, é bom, é doce (:
Mal que vi o titulo, lembrei-me do exame que se avizinha ....:p
está lindo !
Quando os nossos corações se enchem de amor verdadeiro, esse amor nunca se vai, mas quando acaba, faz uma enorme ferida cá dentro. :/
Que tenhamos ambas força. *
As palavras são sufocos silenciosos. Sabe tão bem abrir o coração, sem saber se serei ouvida ou não.
Enviar um comentário